Sucesso do meme inspirou estudantes a se aprofundarem no tema: "É uma cultura tradicional misturada com a cultura pop", explica diretor do documentário "Rebolão, mas sua irmã gosta"
O trenzinho Carreta Furacão é um dos memes mais amados da internet brasileira. Tanto que o vídeo de Fofão e outros personagens dançando pelas ruas de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, já tem quase seis anos e sempre volta a ser comentado. Mas o que é motivo de riso e zoeira para uns, virou coisa séria para um grupo de estudantes.
Carreta Furacão é inspiração do filme
Reprodução
Carreta Furacão é inspiração do filme "Rebolão, mas sua irmã gosta"
Inspirados -- e intrigados -- pelo sucesso do vídeo que viralizou nas redes sociais, um grupo de universitários de São Paulo decidiu explorar a cultura dos trenzinhos em seu TCC no curso de Audiovisual. Daí nasceu o documentário "Rebolão, mas sua irmã gosta", que está dando o que falar nas redes sociais desde o último domingo (10), quando o primeiro trailer do filme foi lançado no YouTube.
"A proposta do filme é mostrar a cultura dos trenzinhos no interior de São Paulo e de Minas Gerais", explicou Gabriel Mendes Dias, diretor e criador do projeto, ao iG. Ele e sua equipe, comandados pelo professor Leandro Borges, foram até Ribeirão Preto para entender o fenômeno das carretas além do meme.
Do hobby ao meme
"É uma coisa muito maior do que parece", disse o cineasta paulista. Em seu trabalho de campo, ele percebeu que a vida nas carretas encanta os jovens das cidadezinhas do interior. "Eles vivem daquilo, mas como lazer, não como emprego", explicou.
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Tanto que depois da viralização da Carreta Furacão, outros vídeos de trenzinhos espalhados pelo Brasil começaram a pipocar no YouTube. Mais do que um mero meme, aquilo acaba se tornando um estilo de vida invejado por jovens de 15 a 21 anos. "Muitos querem entrar ali e seguir o trenzinho, entrar na festa mesmo sem ser contratado", explicou Gabriel. "É um hobby, eles se identificam com aquilo."
Tradição moderna
Apesar de ser parte de uma cultura tradicional de cidades interioranas e litorâneas, principalmente no estado de São Paulo, os trenzinhos seguem atuais. Muito disso vem das músicas tocadas (e dançadas), que vão do pop ao funk. "É uma cultura tradicional misturada com a cultura pop", resumiu o diretor. "[Os trenzinhos] vão evoluindo com a cultura, essa coisa de tocar funk evoluiu junto", explicou.
Para ele, esse é um dos motivos pelo quais esses trenzinhos fazem tanto sucesso na internet. "Acho que é um choque, você associa aqueles personagens à infância e de repente os vê rebolando na rua", disse Gabriel. Mas ele garante que o status de meme não tem a menor importância para os dançarinos. "Para quem dança, isso não importa nada", afirmou.
O filme "Rebolão, mas sua irmã gosta" já foi apresentado à banca do TCC com uma versão reduzida. Depois do 10 no trabalho final, a equipe segue trabalhando com o material para transformá-lo em um média metragem. Depois, a intenção de Gabriel é inscrever o trabalho em festivais e fazer uma exibição pública em Ribeirão Preto. Por fim, o filme vai ser disponibilizado gratuitamente na internet. "Queremos que chegue ao máximo de pessoas", disse o diretor.
TRAILER DO DOCUMENTARIO
https://www.youtube.com/watch?v=FOekZNGG5ws