Finalmente o Pituca veio com a novidade: disseram que no Largo de São Bento um cambista que vendia as figurinhas abertas; o fulano encomendava a figurinha que ele queria e no dia seguinte o cambista trazia. custava caro mas era garantido. Edmundo quis ir no mesmo dia, porém, tinha morrido um tio e o enterro seria naquela tarde, daí ter dado o dinheiro para o Pituca encomendar. O enterro foi triste, Edmundo só pensava no Rivelino e teve que suportar um discurso da beira de cova que durou uma hora, dum parente que gostava de fazer discurso em festa de aniversário e casamento; uma oração poderosa, onde se elogiava a vida do defunto, o sacrifício que fez para vencer na vida, seu horror aos vícios, pois nunca fumara nem bebera, acordando cedo e dormindo antes das dez, seu equilíbrio e seu caráter, terminando e orador por apontar ameaçadoramente o dedinho aos presentes e proclamar que não se iludissem, todos morreriam, não sobraria ninguém. Na hora da janta telefonou ao Pituca e o telefone estava enguiçado; quis ir lá mais a mãe não deixou porque no outro dia tinha sabatina; Para facilitar a decoração dos nomes Edmundo costumava formar times de futebol que é um sistema muito bom e chama mnemotécnica. A sabatina era o sobre o Amazonas e seus afluentes e Edmundo escalou uma linha de ataque formada por Juruá, Purus, madeira, Tapajós e o Xingu, na ponta-esquerda, mas rompido no meio do porque os ingleses roubaram a bola de borracha e Rivelino toda hora entrava no lugar do Tapajós e metia um gol na Inglaterra. la tirar zero,inevitavelmente, mas o importante era que o Pituca trouxesse o Rivelino. Encontroou o Pituca risonho embaixo do abacateiro do pátio. - Como é, encomendou o Rivelino? - Tive sorte, nem precisou encomendar para amanhã. Sobrou um de um cliente que não veio buscar e comprei. Está aqui - Iupi! - Edmundo deu um pulo. Tirou o álbum da bolsa e queria colar imediatamente a figurinha. Pituca explicou que o diretor proibiu a secretária de emprestar cola aos alunos depois que o Ricardão colocou os cabelos da Cecília que sentava na frente. - Se não colar agora eu estouro Nisso o Bolachão se aproximou com aquela cara redonda de quem nunca fica triste nem alegre. - Ó Bolacha! Vem cá,quem sabe me dás uma ideia. Quero colar o Rivelino e não emprestam mais cola O Bolachão como sempre comia a merenda durante as duas primeiras aulas e andava á procura do que mastigar no recrio. Interessou-se no problema. - A ideia eu tenho, só que não dou. Vendo. - Já sei,pelo meu lanche. Toma aqui e desembucha. O Bolachão pegou o sanduíche,comeu, e sem dizer isso saiu trotando as banhas e enfiou-se no corredor. Dali a pouco estava de volta mas com nada na mão. - Como é, Bolacha? Cadê a cola? O Bolachão mostrou o dedão polegar besuntado de amarelo. Pediu uma explicação para a secretária e,quando a mulher virou as costas, ele mergulhou o dedão no vidro. Edmundo deu uma gargalhada,passou as costas da figurinha no dedo do Bolachão e colou no álbum. Passou o lenço em volta, para tirar o espirro da cola, centralizou, ajeitou mais um pouco e bateu as palmas. O álbum estava cheio. Agora só faltava ir na fábrica buscar o prêmio: uma bola número três e um completo jogo de camisas tamanho infantil do time que escolhesse. Estão gostando? meu sonho é ser jornalista me ajuda? <3
Cara Bom topico mais não fica cubando asim você criou o topico comentou 2 vezes sem niguem comentar Tem o botão Editar , para não ficar cubando