Cara, consegui assistir até os ~26mins de vídeo - próximo do fim do primeiro tema. Tanto o amadorismo da produção (tem horas que o áudio é totalmente incompreensível) quanto dos debatentes (o tal do Sinotti simplesmente quer se impor na base da força - como grande parte dos extremistas, diga-se de passagem; enquanto o Cipriano sequer consegue ter desenvoltura - e isso não só nos momentos de confrontamento direto por parte do Sinotti) simplesmente deixa inviável continuar assistindo.
Mas enfim... Aqui vão os apontamentos que consegui fazer enquanto isso:
0º- Antes de mais nada, há de se definir: sistema econômico e sistema político são coisas diferenciadas. O capitalismo é estritamente, e por si só, um sistema econômico. Já o socialismo (e o comunismo) são sistemas políticos E TAMBÉM econômicos. É possível se ter um sistema político socialista em maior ou menor grau (onde o Estado intervém em assuntos além do mercado, mesmo que afetando este) sem que o capitalismo seja extinto.
1º- Uso de dados sólidos, mas descontextualizados. A citada "diminuição" de população saída da faixa de extrema pobreza não considera a popularização de políticas socialistas nos mais diversos governos. Ainda: não coloca em perspectiva a depreciação de bens e da própria economia - isso fica evidente ao se citar a quantidade de veículos por habitante, os quais se tornaram mais acessíveis entre as épocas citadas pela simples evolução do sistema produtivo (que reduz custos e se torna mais acessível, enquanto surgem outros bens mais cobiçados e difíceis de se produzir, como eletrônicos). Ainda nessa linha, não se considera a cadeia de descarte, onde o mais antigo e deteriorado passa para outras mãos por um valor menor que o original de compra.
2º- Bancos. Esse é um ponto hiperdelicado, pois são entidades puramente especulativas que nada produzem de fato mas são necessárias ao capitalismo por fazerem o dinheiro girar. Geralmente socialistas e comunistas pedem pela extinção dos mesmos, enquanto "direitistas" (vou diferenciar "direitistas" de "capitalistas" pois, em frente as conclusões modernas, realmente é burrice tentar acabar com o capitalismo em si - e portanto não há mais razão para "direitistas" se colocarem como "defensores do capitalismo") querem total liberdade. O grande ponto aí é que: se um banco não é fortemente fiscalizado, ele cometerá abusos com a população em geral (por o indivíduo isolado significar praticamente nada em suas atividades) enquanto beneficiará as grandes fortunas (daonde tira boa parte de seus próprios lucros ao se dispor a administrar). NESSE ponto é, sim, necessário um Estado altamente intervencionista para que essa prática seja coibida e, consequentemente, não se concretize a máxima de "os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres".
3º- "Beneficiamento de metacapitalistas por parte do Governo". Esse é um grande revés do modelo POLÍTICO "democrático" (não é nem socialista), que acontece principalmente quando temos casos de corrupção e prática de lobby. Quando o próprio Governo se subverte e distorce suas reais premissas - de incentivar empresas e "metaempresas" (Bancos, oi?) para fazer com que o dinheiro circule mais facilmente de forma a distribuir renda E produção por meio de fluxo de capital - sob a influência daquelas que ele próprio deveria fiscalizar e regulamentar, acontece o que foi dito: das tais empresas acumularem o capital sem méritos ou produção. Infelizmente isso é algo que independe de ideologia em si - o fator determinante, no caso, seria o apego a valores "morais e éticos". E como a ganância é um dos maiores males humanos, é nisso que dá!
4º- Desburocratização - isso é um ponto inegável! Quanto mais desburocratizados - e OTIMIZADOS - os processos em geral, mais eficientes eles se tornam, reduzindo custos e aumentando lucros. Só que isso pouco (ou nada) tem a ver com a afirmação de "ricos mais ricos, pobres mais pobres" em si.
5º- "Desideologização" da Educação. Sério! Isso já é um pé no saco! Essa forma de pintar que sempre haverá um "esquerdista subversivo equipado com máquinas de lavagem cerebral sob cada carteira de escola" já deu o que tinha que dar! Reconheço que o exemplo educacional citado de Cingapura seja válido - onde os alunos são apresentados ao empreendedorismo desde cedo, mas a forma como foi apresentado é como se eles "devessem se tornar máquinas impensantes de fazer dinheiro"! Na verdade, não se deve fazer nem uma coisa nem outra isoladamente - mas sim AMBAS ao mesmo tempo, de forma a desenvolver a capacidade criativa e lógica de modo a ser hábil EM AMBOS os assuntos! Outra coisa a se considerar é o tamanho em si de Cingapura - um país menor até que o estado do Rio de Janeiro. Um lugar desses é inegavelmente mais fácil de se administrar e gerenciar que um "mero estado" como Minas Gerais, por exemplo - que tem o tamanho equivalente a quase um terço de toda a Europa!
6º- Corte de gastos. Realmente é necessário um corte máximo de gastos, de forma a otimizar o custo nas ações do Estado. Minimizar (exemplo citado) o valor do fechamento ou abertura de ministérios é um passo errado que tende a levar à práticas corruptas. Por mais que o Estado seja uma espécie de entidade mediadora do capitalismo agindo em benefício da sociedade, ele próprio tem que ter uma "mente captalista" para se tornar o mais eficiente possível. Do contrário a máxima de "ricos mais ricos, pobres mais pobres" será causada pelo PRÓPRIO Estado como personagem principal.
Obs.: Agora sei de onde você, [member=zInkubi], tirou o argumento de que "o Bill Gates não tirou nada de ninguém!" Se você conhecesse um centésimo da história da informática não teria caído nessa... ¬¬
7º- "O empresário se abstêm de consumir tudo o que ganha para acumular mais capital. E o capital acumulado desta forma é gasto com mais ferramentas, mais recursos para produção" - sabemos que isso é uma inverdade. Apesar deste capital acumulado não ser, de fato, um capital "roubado da sociedade", o empresário acumula SIM capital com o simples intuito de "manter guardado". Isso é natural do ser humano por diversos motivos e não tem como mudar (além de ser, de certa forma, um "direito" do empresário); mas neste caso o Estado realmente têm de intervir para forçar com que esse capital volte a circular. Provavelmente vou explicar isso melhor adiante*.
8º- "Quais países a população têm mais condições de viver sem pobreza?" Como eu disse, se faz necessário diferenciar o Socialismo-Comunismo como sistema econômico do Socialismo-Comunismo como sistema político - pois os países onde se verifica melhor satisfação à pergunta feita são justamente países de ECONOMIA capitalista enquanto mantém POLÍTICAS socialistas. Lugares onde o sócio-comunismo foi implementado (ou tentou-se implementar) COMO ECONOMIA não vingaram, justamente por neste aspecto ser frágil dependendo de várias condicionais.
*- Como prometido, vou falar sobre "o Estado ter de intervir para forçar com que esse capital volte a circular".
Se pegarmos boa parte das empresas mais modernas - especificamente as de Tecnologia da Informação (Google, Paypal, Facebook, Microsoft, Amazon...) - veremos um modelo de gerenciamento "social-capitalista" regendo as mesmas.
São empresas que acumulam riquezas 'para ficar guardada'? Sim! Mas são também empresas que não fazem UNICAMENTE ESSA PRÁTICA com seus lucros: elas também investem em políticas sociais (ou melhor: SOCIALISTAS) que, numa visão imediatista, poderia ser chamado simplesmente de "jogar dinheiro fora".
Ações como levar acesso à internet a pontos recônditos, desenvolver programas aero-espaciais independentes, equipar escolas com material digital e treinamento qualificado, abrir o direito de patente de seus produtos para que qualquer pessoa interessada também possa até mesmo construí-los...
Pois bem. Como disse, numa visão IMEDIATISTA poderia ser chamado simplesmente de "jogar dinheiro fora". Mas, numa visão a longo prazo essas ações - além de beneficiarem à população em geral - TAMBÉM resultarão em lucro para a própria empresa! E não SÓ para ela como também para OUTRAS empresas da mesma área!
O Facebook, levando internet à êrmos, poderá ser acessado por mais e mais gente. Consequentemente ganhará mais com publicidade - que, por sua vez, beneficiará aos anunciantes...
O PayPal (com a Space-X), construindo foguetes aero-espaciais, terá a chance não só de servir à NASA e outras entidades governamentais com seus estudos; mas também de estar na vanguarda da (literal) exploração espacial, quando iniciarem as primeiras expedições mineradoras de corpos celestes.
Novamente o PayPal (pela Tesla Motors), ao transformar a patente de seus veículos em "open-source", permitirá com que outras pessoas possam fazer manutenção nos carros elétricos que produz sem retorno algum com isso. Em contrapartida mais pessoas se sentirão seguras em comprá-los (pois haverá onde consertá-los caso quebrem), e até mesmo no caso de surgirem concorrentes na produção a empresa será beneficiada com o surgimento de NOVAS tecnologias para embarcar em seus próprios produtos (uma vez que o código original é aberto, toda patente subsequênte TEM de ser aberta TAMBÉM - o que dá a chance de recuperar esse "investimento" em know-how de terceiros)!
E o Google e a Microsoft, ao fornecerem treinamento e equipamento próprios para alunos em geral, FIDELIZAM esses alunos em seus próprios produtos - visto que estarão mais familiarizados com estes produtos que com os produtos da concorrência!
Tá! E se a empresa simplesmente se torna um "vortex capitalista", retendo todo o capital obtido exclusivamente para si?
AÍ entra o Estado, com a "taxação de grandes fortunas". SE o dinheiro não tá girando, alguém tem que forçá-lo a girar. "Se não é por bem, vai por mal". Por esse motivo que a taxação de grandes fortunas deveria ser não uma medida simplesmente obrigatória, mas sim alternativa a outras medidas que a própria empresa poderia tomar de expontânea vontade - tal qual a isenção que ocorre do Imposto de Renda quando se doa à insitituições filantrópicas!
E não tem jeito: se não há uma entidade "suprema" para garantir isso, poucas empresas o farão per se. Simplesmente pelo fato de o ser humano ser ganancioso!
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